domingo, 3 de novembro de 2019

CINCO DICAS PODEROSAS PARA A LIDERANÇA ESTRATÉGICA DO MUNDO 4.0




Há anos, todo mundo fala sobre o VUCA, o acrônimo militar dos EUA para o mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo em que vivemos.
Para prosperar nesse cenário, as organizações que que mantém estruturas rígidas e burocráticas devem passar por um processo de transformação para tornarem-se ágeis e com foco do cliente, e os modelos de comando e controle devem dar lugar à liderança colaborativa, integradora e interdependente.
No entanto, muitos líderes têm medo de deixarem as coisas acontecerem, ou mesmo de liderarem estas mudanças. Eles não querem perder poder, o que é parte integrante de sua identidade em uma típica organização que ainda roda o software século XX em pleno século XXI. 
A falta de planejamento e confiança faz com que se preocupem com o eventual “caos” se soltarem as rédeas. E eles tendem a se ancorar no que conhecem, porque temem a vastidão do desconhecido - eles sabem muito mais sobre as burocracias e seus atalhos do que sobre as formas organizacionais emergentes, ágeis e assertivas que conseguiram seu inevitável espaço.
Tais medos frequentemente resultam em inércia, ou numa falsa onda de transformação. Mas os líderes devem tomar consciência de seu papel, tomar as decisões certas e evoluir rapidamente ou então estão condenados a extinção, levando consigo seus seguidores e em muitos casos as organizações que lideram.
Em um mundo em rápida mudança, as pessoas precisam saber quem as lidera - isso deve ser claramente articulado. Esses líderes devem possuir as habilidades necessárias para acompanhar um ambiente em constante mudança e multiplicar essas habilidades nos outros. Eles precisam criar equipes flexíveis que reconheçam as tendências e ajam proativamente, que colaborando efetivamente com parceiros internos e externos. 
Estes líderes devem ser capazes de inspirar suas organizações a resolver grandes problemas e através disto alcançar grandes conquistas. E eles não podem fazer tudo isso sozinhos - precisam atrair líderes adaptáveis ​​em todos os níveis, dando-lhes autonomia para inovar, mas fornecendo o preparo adequado para evitar conflitos. Em uma pesquisa do Centro de Liderança do MIT, foi descoberto que os executivos e gerentes que fazem essas cinco coisas em particular estão mais capacitados para navegar no mundo digital e real que está avançando sobre as organizações.
Vamos dar uma olhada nestas cinco dicas poderosas que podem alavancar uma liderança:

1. Comunique seu estilo de liderança.

Quando as coisas mudam, as pessoas desejam liderança. Eles buscam estabilidade, uma referência quando temem desordem. Eles querem se sentir confiantes sobre quem está no comando, direcionando a organização pelos desafios que a volatilidade do mercado impõe. Mas a noção romântica do líder que está lá para assumir o controle não é suficiente para garantir essa confiança. Eles precisam conhecer seu estilo de liderança: quem você é como líder e como vê e aborda o trabalho.
Muitos de nós somos “líderes incompletos”, que se destacam em certas capacidades de liderança que estão sempre em uma disputa interna para ser predominante. A chave é entender e comunicar sua própria maneira de liderar, dada sua experiência, valores, forças e personalidade. Por exemplo, Steve Jobs foi o inventor por excelência, incentivando a si mesmo e a outros da Apple, Pixar e NeXT a criar designs inovadores e elegantes que impressionaram os clientes, mesmo que em função disto ele cometesse excessos em relação às pessoas ao longo do caminho, enquanto procurava a perfeição. Eileen Fisher, fundadora da empresa de roupas com o mesmo nome, é uma designer que estudou o quimono japonês para tentar entender como criar roupas femininas confortáveis ​​e elegantes que resistissem ao desgaste do tempo. Ela é apaixonada por isso e por promover a sustentabilidade para o planeta, e reúne os funcionários por trás de ambos os objetivos para criar significado em sua organização. Jobs era um líder visível que se promoveu, além de seus produtos, enquanto Fisher lidera mais silenciosamente, definindo a direção e depois dando mais autonomia.
E como você descobre seu estilo de liderança? Primeiro, pense no que você faz no dia a dia como líder. Tenha o foco no seu autoconhecimento. Entenda, porém, que a imagem que você faz de si não é necessariamente a imagem que os outros tem, ela pode ser bem diferente. Esteja preparado para conhecer essas outras percepções sobre você. Pergunte-se:  Você se concentra mais nas tarefas ou nas pessoas? Você é um líder visionário, visivelmente a frente, ou um líder que permanece em segundo plano, treinando e influenciando silenciosamente? Você incentiva a experimentação e a inovação ou nutre áreas de força essencial? 
Segundo, pergunte às pessoas que trabalham com você como elas descrevem sua liderança ou faça um feedback de 360 ​​graus para coletar dados. Por fim, considere o impacto que você tem. Você está mudando a cultura? Resultados de condução? Quando seu estilo estiver mais claro, conte histórias e use imagens e histórias para se comunicar com outras pessoas.

2. Seja um sensemaker

Em um ambiente em rápida mudança, a criação de sentidos para as coisas é mais importante do que nunca. Um termo cunhado pelo teórico organizacional Karl Weick, sensemaking refere-se ao processo de criação de significado fora do mundo confuso ao nosso redor. Essa atividade é desencadeada quando algo em nosso ambiente parece ter mudado. Em seguida, tentamos entender o que aconteceu coletando dados, aprendendo com os outros e procurando padrões para criar um novo mapa do que está acontecendo. A partir daí, experimentamos novas soluções para aprender como o sistema responde.
Satya Nadella, CEO da Microsoft, tem sido um sensemaker exemplar ao longo de sua carreira na Microsoft. Ao mudar de função com frequência, ele aprendeu sobre os processos e a cultura gerais da empresa. Sua curiosidade sobre clientes e tecnologias permitiu-lhe entender o cenário em mudança em que a empresa se encontrava. Quando ele se tornou CEO, ele se reuniu com funcionários, clientes e especialistas para entender os desafios que as pessoas tinham em mente e os possíveis caminhos para o sucesso. Ele trouxe líderes de empresas adquiridas para seu entorno, para que todos pudessem se dedicar a compreender as novas tecnologias.
Como Nadella, os líderes devem pensar sobre o que faz mais sentido em determinado momento e o que eles precisam fazer para acompanhar a evolução dos mercados, tecnologias, modelos de negócios e forças de trabalho.

3. Crie equipes multicapacitadas e flexíveis

Quando perguntados sobre o que contribui para o desempenho efetivo da equipe, a maioria dos executivos fala sobre as ideias divulgadas nos cursos de formação de equipes e escritas nos livros mais vendidos: estabelecendo metas claras, definindo papéis, estabelecendo confiança, melhorando as relações interpessoais etc. Mas pesquisas mostram que essas diretrizes são apenas metade da história. Em um mundo acelerado, em que as organizações estão tentando se livrar de suas cadeias de burocracia que não agregam valor, os líderes também devem construir um novo tipo de equipe, para promover agilidade, inovação e execução sólida.
Essas equipes flexíveis não apenas colaboram internamente; eles também se vinculam a parceiros de conhecimento, recursos e inovação no mundo exterior, como por exemplo as universidades, centros de pesquisa e startups. Eles precisam ser a conexão preferencial, conectando pessoas dentro e entre organizações e permitindo mudanças além da estrutura tradicional. Os membros das equipes com este novo modelo mental atuam como embaixadores organizacionais para procurar talentos e recursos, alinhar as atividades da equipe com as metas estratégicas e coordenar as tarefas. Ao reunir as pessoas para determinadas tarefas - e alternar as pessoas de tempos em tempos - elas criam uma estrutura dinâmica que pode responder a novos problemas e oportunidades que surgem.
As organizações têm criado milhares de com novos modelos mentais ao redor do mundo - equipes que estão trazendo os medicamentos necessários para a África, encontrando novas maneiras de testar tecnologias e criando uma conexão mais estreita entre clientes e empresas que desenvolvem produtos e serviços futuros. Na próxima vez que você montar uma equipe, pense em que tipos de competências você precisa construir para facilitar a inovação, agilidade e execução sólida.

4. Troque práticas obsoletas chefia por uma liderança orientada a desafios. 

Líderes com práticas obsoletas estão se tornando cada vez mais inúteis. É fácil saber quem eles são. Não respeitam seus colaboradores e têm uma reputação de serem extremamente exigentes sem uma causa específica. Eles podem ser agressivos, promovendo práticas de assédio moral e sentindo prazer em demonstrar seu poder. Eles acumulam informações, culpam os outros e se promovem sobre o mérito dos outros. O problema é que se isto não for combatido, com o tempo, outras pessoas e equipes em suas organizações começam a adotar esses mesmos comportamentos, que corroem a confiança e reduzem a eficácia, principalmente se o exemplo vier de quem tem mais poder na organização.
A liderança tóxica geralmente deriva da tríade sombria da personalidade. Os líderes que exibem narcisismo sentem que são melhores e mais merecedores do que outros. Eles procuram atenção e são agressivos se ameaçados. Aqueles que exibem maquiavelismo fazem o que for preciso para manter o poder, construir alianças e guardar segredos. Aqueles que mostram psicopatia são insensíveis, sem empatia ou controle de impulsos. Nem todos os líderes tóxicos possuem toda a tríade, mas tenho certeza que você se entendeu o suficiente para saber o quão prejudicial pode ser uma ou duas dessas qualidades.
A liderança baseada em práticas obsoletas pode obter resultados (maior produção, por exemplo, ou maior eficiência) a curto prazo. Mas, com o tempo, o desempenho se deteriora à medida que as pessoas começam a perceber como foram manipuladas e procuram maneiras de lidar com a negatividade. Infelizmente, quando as coisas ficam difíceis, mesmo os líderes com as melhores intenções podem adotar uma abordagem mais dominadora ou egocêntrica. A boa notícia é que, com treinamento, com autoconsciência e algum feedback, os líderes podem abandonar essas tendências e avançar em direção à liderança orientada a desafios. Em vez de dizer: "Eu sou o máximo; siga-me”, precisamos de líderes para reunir as pessoas em torno das metas a serem alcançadas, promovam uma atmosfera de colaboração e proporcionem a prática da integração e da interdependência.
A NASA reuniu as pessoas com o objetivo audacioso de levar um homem à lua. Agora, os líderes estão inspirando as organizações a enfrentar as mudanças climáticas, a pobreza e alienação cultural, para citar alguns dos principais problemas. Eles precisam pensar em como podem reformular seu trabalho em torno desses desafios e deixar seus egos bem longe dos propósitos que precisam disseminar.

5. Crie as condições para tornar tudo isso possível

Os líderes bem-sucedidos em tempos de transformação precisarão construir, ou "arquitetar", organizações nas quais as etapas acima possam ocorrer. Isso envolverá a contratação e o desenvolvimento de três tipos de líderes - aqueles que são empreendedores, capacitadores e os que cuidarão da cultura organizacional - e lhes dará espaço para aproveitar seus pontos fortes de estilo de liderança ao desempenharem essas funções.
Os líderes empreendedores são o motor da inovação. Eles assumem o sentido necessário para descobrir novos produtos e processos enquanto criam as equipes com novos modelos mentais para torná-las realidade. 
Os líderes capacitadores têm uma perspectiva mais ampla, para que possam identificar projetos desafiadores dentro da empresa e oportunidades de colaboração externa. Eles treinam os líderes empreendedores, que podem ser inexperientes para saber como trazer suas ideias através da organização. 
Os líderes da cultura cultivam sistemas, estruturas e uma cultura que permitirá às pessoas explorar possibilidades e tomar decisões de forma autônoma, sem entrar no caos. 
Todos os três tipos de líderes ajudam as pessoas a expor suas ideias e integrá-las em todas as direções, alinhadas com prioridades estratégicas. As ideias com maior chance de sucesso são sempre potencializadas através de discussões e desenvolvimentos.
Esse novo modelo de liderança significa, às vezes, dissociar a liderança de posições formais e fazer com que todos adotem uma mentalidade estratégica. Significa estruturas e recursos just-in-time e uma crença na inteligência coletiva. Os líderes podem achar difícil adotar as cinco regras, mas isso permitirá que eles liberem o talento de muitos a serviço da inovação estratégica e da resiliência organizacional.

Bibliografia:


ANCONA, Deborah;. Five Rules for Leading in a Digital World. MIT Sloan management review,, 2019.


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